Dia do Fim da Censura no Brasil
Hoje, 3 de agosto, o Brasil relembra uma data fundamental na história da sua democracia: o Dia do Fim da Censura. A data marca a revogação do Decreto nº 1.077/1970, um instrumento criado durante o regime militar para controlar o conteúdo de livros, jornais e publicações em geral, impedindo a livre circulação de ideias consideradas “subversivas” ou “ofensivas à moral”.
Entre os anos de 1964 e 1985, o país viveu um período de autoritarismo em que a liberdade de expressão foi duramente reprimida. Obras literárias, reportagens, peças teatrais e até discursos em universidades eram censurados. Artistas, jornalistas, professores e estudantes que contrariavam o regime corriam o risco de sofrer perseguições, prisões e exílios.
Mas mesmo diante do medo e da repressão, a resistência cultural se fortaleceu. Foi nesse contexto que a música brasileira se transformou em um poderoso instrumento de luta. Nomes como Chico Buarque, Geraldo Vandré, Elis Regina, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento e tantos outros enfrentaram a censura com coragem e criatividade. Usaram metáforas, duplos sentidos e melodias marcantes para denunciar injustiças, questionar o regime e manter viva a esperança por dias melhores.
Canções como Pra Não Dizer que Não Falei das Flores, Apesar de Você e O Bêbado e a Equilibrista se tornaram símbolos de resistência, mesmo sendo frequentemente vetadas, censuradas ou obrigadas a alterar trechos inteiros.
A arte encontrou meios de continuar falando, mesmo quando proibida de dizer. Foi apenas em 3 de agosto de 1988, poucos meses antes da promulgação da nova Constituição, que o decreto que institucionalizava a censura foi oficialmente revogado. Esse foi um passo crucial para que a democracia brasileira começasse, de fato, a ser reconstruída com base na liberdade de criação e pensamento.
Porque a liberdade de expressão é essencial para qualquer sociedade democrática — e não pode ser tratada como algo garantido para sempre. Mesmo após a queda da censura oficial, ainda enfrentamos desafios: desinformação, tentativas de silenciamento, ataques a artistas, cortes no setor cultural e ameaças ao jornalismo crítico.
O 3 de agosto nos convida a honrar as vozes que resistiram, valorizar o papel da arte na transformação social e proteger o direito de cada pessoa se expressar sem medo. E, dentro do universo digital e criativo do Habblet, esse direito se traduz na liberdade de construir, comunicar, compartilhar e existir com autenticidade.
Expressar-se é existir. Ouvir é respeitar. Preservar a liberdade é um dever coletivo.